domingo, 29 de janeiro de 2012

“Em cruz ilhada” em Cuba

Dilma desembarca em Cuba semana que vem. A visita da presidente acontece em um momento delicado. Um preso político morreu poucos dias atrás e a relação do Brasil com os dissidentes cubanos é bastante incômoda para o nosso governo.

Yoani Sanchez já solicitou um encontro com Dilma. A blogueira mais famosa da ilha tem queixas e reivindicações que certamente vão gerar constrangimento à presidente. Mais constrangedor ainda será a recusa em recebê-la, sobretudo agora que o despencamos no Ranking de Liberdade de Imprensa.

Como sair dessas desconfortáveis encruzilhadas? Durante todo o governo Lula o comportamento do Brasil foi contestado e questionado pelas nações desenvolvidas em diversos episódios como, por exemplo, a omissão na ONU em relação aos direitos humanos no Irã. Dilma vai perder a oportunidade de se redimir perante estes países?

Dima está em cruz ilhada.

João Paulo M.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sombras do passado

Nelson Motta

Por mais que os ficcionistas quebrem a cabeça para inventar crimes, mistérios e conspirações complexos, surpreendentes e emocionantes, os livros, filmes e seriados acabam sempre superados pela vida real. O assassinato do prefeito Celso Daniel completa dez anos sem culpados nem condenados, e pior, desde o início das investigações sete testemunhas e investigados já foram assassinados ou morreram em circunstâncias misteriosas. O principal acusado é digno de um pulp fiction: o Sombra.

O roteiro: prefeito de uma próspera cidade industrial faz um acordo com empresários correligionários para desviar dinheiro público para as campanhas do seu partido. Ninguém ganharia nada, não eram corruptos, eram patriotas a serviço da causa e do partido, afinal, estava em jogo transformar o Brasil, os nobres fins justificavam os meios sujos. Foi assim no início, mas o ser humano?

Com a dinheirama crescendo e rolando sem controle, o Sombra, chefe da operação e amigo do prefeito, começa a desviar para sua própria causa. Outros empresários do esquema, e alguns políticos que intermediavam as contribuições, também começam a meter a mão. Até que o prefeito, que não sabia de nada, descobre tudo e ameaça detonar o esquema. Seria o fim para o Sombra e a quadrilha.

O prefeito é atraído pelo Sombra para uma cilada, o carro dos dois é interceptado por bandidos e o prefeito sequestrado, o Sombra escapa ileso. Nenhum resgate é pedido, dias depois o prefeito é encontrado morto a tiros e com marcas de tortura. Contra as evidências, a polícia trata o caso como um sequestro comum, mas o Ministério Publico vai fundo nas conexões políticas. O garçom que havia testemunhado a última conversa entre o prefeito e o Sombra é executado. Em seguida, uma testemunha da morte do garçom. O bandido que fazia a ligação entre os sequestradores e o Sombra é assassinado na cadeia. O médico legista, que atestou as marcas de tortura, morre envenenado. Ameaçado, o irmão do prefeito se exila na França.

O Sombra continua nas sombras, o processo não anda, logo o crime estará prescrito. E o pior de tudo: não é ficção.

Publicado em O Globo - 20/01/2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Oposição “morta” mortífera


Dizer que não temos oposição é balela. Em 12 meses caíram sete ministros de um governo que tem maioria esmagadora no Congresso. Isso só acontece em países que tem oposição forte.

A conduta dos parlamentares da oposição diante das denúncias publicadas na imprensa foi decisiva. A máquina da base governista usou todo seu poder para tentar evitar as quedas, mas nossos representantes souberam agir com maestria direcionando a situação para o desfecho fatal.

O primeiro ano do Governo Dilma deixa uma amarga lição para a base: a oposição é experiente e sabe aproveitar as oportunidades. E se essa oposição, que muitos rotulam de ‘morta’, manter a calma, não se afobar nem mudar suas características diante da pressão da militância exigente que tem, outras peças adversárias tombarão no tabuleiro.

Embora que de forma discreta e desapercebida, o jogo de 2014 começou a virar...

João Paulo M.